A parceria foi celebrada entre a autarquia gaiense, a Casa das Histórias Paula Rego, a Fundação D. Luís I e a Câmara Municipal de Cascais, que levam deste modo dois períodos no percurso artístico da pintora (80’s e 90’s) à Casa-Museu Teixeira Lopes, onde se destacará um capítulo dedicado a Peter Pan, a mítica personagem infantil.
“Esta série condensa todo um imaginário infantil, recriando um mundo de fantasia, de faz-de-conta sobre a fantástica história de Peter Pan, o rapaz que se recusava a crescer. Por outro lado, coloca-nos frente a frente com a vivacidade e a solidez do mundo imaginário da artista, onde as histórias ouvidas durante a infância funcionam como verdadeiras estruturas realistas que integram aspetos da sociedade e seus arquétipos”, descreveu a curadora Catarina Alfaro, coordenadora da Casa das Histórias, o museu permanente da artista.
O presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, está confiante que esta exposição irá “reforçar a imagem da cidade como pólo cultural de referência, salientando que a autarquia tem “procurado estreitar relações entre os artistas, para trazer grandes nomes do panorama artístico nacional e internacional”.
Até 2020, Paula Rego tem ainda três outras mostras agendadas para o Reino Unido, assim como duas outras em Dublin e Madrid. Mas, ainda este ano, levará as suas obras até à Casa de Serralves no Porto.
Segundo Catarina Alfaro, investigadora do trabalho de Paula Rego, as exposições previstas realizar-se-ão na Jerwood Gallery (Reino Unido), na Milton MK Galllery (Reino Unido), na Scottish National Gallery (Reino Unido) e no Irish Museum of Modern Art (Irlanda).
A exposição da artista em Madrid realizar-se-há no CEART – Centro de Arte Tomás y Valiente.
Já na Casa das Histórias, em Cascais, que está a celebrar uma década de existência, será apresentada uma nova mostra entre Julho e Novembro deste ano, designada como “Paula Rego: Obra Gráfica”, curada por Catarina Alfaro.
A coordenadora do museu dedicado à obra da pintora disse à Lusa, aquando do anúncio destas mostras, que 2019 e 2020 “vão ser anos muito importantes no percurso expositivo da artista no Reino Unido”, onde reside. “Paula Rego continua a trabalhar no seu atelier, e está a desenvolver trabalho em formatos diferentes da pintura e do desenho. Serão uma bela surpresa”, revelou.
No ano transacto, Paula Rego apresentou a sua primeira grande exposição individual em Paris, no Museu de l’Orangerie, que recebeu mais de 183 mil visitantes, um número digno de referência.
Nascida em Lisboa em 1935, Paula Rego deixou Portugal ainda adolescente, durante a ditadura de Salazar, para poder estudar na Slade School of Art, em Londres, cidade onde se radicou e vive há mais de 50 anos. É a única mulher artista do grupo da Escola de Londres, tendo conseguido distinguir-se por uma obra fortemente figurativa e literária, explícita e polémica, considerada incisiva e singular pelos críticos.
Nessa época, Paula Rego conviveu com grandes nomes de destaque da pintura internacional, mas foi na Slade School of Fine Art, onde frequentou o curso de pintura entre 1952 e 1956, que veio a conhecer o marido, o artista britânico Victor Willing, que viria a falecer em 1988.
Em 2010, Paula Rego foi distinguida com o grau de Oficial da Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II, pelo seu alto contributo para as artes do Reino Unido para o Mundo. Em 2016 foi-lhe também atribuída a Medalha Municipal de Honra da Cidade de Lisboa.