“Neste projecto o que nós estamos a estudar é a forma como as pessoas idosas podem interagir com sistemas robóticos”, afirmou Vítor Filipe, professor da Escola de Ciências e Tecnologia da Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro (Vila Real), à agência Lusa. Segundo o investigador, uma das vertentes do projecto visou o desenvolvimento de “um sistema robótico que dá apoio na toma de medicação”.

“Este sistema tem, na sua base de dados, a indicação da hora a que os idosos devem tomar a medicação e qual o medicamento. Através do seu sistema de locomoção, o robô desloca-se e recolhe o medicamento devido e procura a pessoa indicada, isto considerando que na habitação podem estar mais do que uma pessoa”, disse.

O projecto em questão deu origem a uma tese de mestrado em engenharia informática, apresentada pelo estudante Leonel Crisóstomo, com o apoio e orientação do professor Vítor Filipe, tendo nesse estudo sido explorados “algoritmos de visão por computador”.

“Um dos sensores mais importantes no robô é precisamente as suas câmaras para ele conseguir entender o meio envolvente. Neste trabalho foram desenvolvidos algoritmos para reconhecimento de objectos, ou seja, das embalagens dos medicamentos, e também do reconhecimento do idoso através da análise facial”, acrescentou o investigador.

O robô “Nao”, utilizado nos testes, consegue efectuar a identificação facial dos idosos e o reconhecimento dos seus medicamentos através de algoritmos de visão por computador (AI – Artificial Intelligence), que processam as imagens captadas pela câmara do mesmo. A demonstração do conceito foi executada num cenário simples, recriando o ambiente de uma habitação com idosos que são assistidos pelo robô na sua toma de medicamentos.

Vítor Filipe adiantou ainda que, no âmbito deste projecto, a UTAD decidiu também instalar “robôs de tele-presença” em lares da cidade de Vila Real, que “têm a particularidade de facilitar a comunicação entre os familiares e os idosos que se encontram na instituição”. “O robô possui uma câmara e os familiares do idoso têm uma aplicação, através da qual conseguem deslocar o robô remotamente até à pessoa com quem pretendem falar”, graças ao estabelecimento de transmissões vídeo entre os intervenientes.

Esta vertente do projecto está a ser desenvolvida em ambiente real e as informações recolhidas serão utilizadas para entender se existe aceitação destas novas tecnologias por parte dos idosos e respectivos familiares.

A investigação da UTAD procura solucionar um problema que preocupa casa vez mais as sociedades modernas, onde as projecções indicam que, no ano de 2060, existirão três idosos para cada jovem, numa esperança média de vida elevada, que poderá ascender aos 81 anos. Neste quadro, reconheceram os investigadores, o crescimento exponencial da população idosa e diminuição de população jovem activa, nos países desenvolvidos, está a provocar uma falta de mão-de-obra especializada para prestar estes cuidados necessários. “No futuro, estes sistemas podem dar algum suporte às populações idosas”, salientou Vítor Filipe.

Este trabalho está a ser desenvolvido em simbiose entre investigadores da Escola de Ciências e Tecnologia e da Escola Superior de Saúde da UTAD.


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