Vladimir Putin alega que os EUA estão, há anos, a ignorar as iniciativas de desarmamento russas e que passam “o tempo todo à procura de pretextos para desmantelar o sistema de segurança existente”.

O Presidente da Rússia indicou também aos responsáveis dos Negócios Estrangeiros e da Defesa que não iniciem novas negociações com os EUA até que “os parceiros norte-americanos amadureçam para acompanhar um diálogo consistente e igual” sobre esta questão, que é “muito importante” para a Rússia e para todos os seus “parceiros e o resto do mundo”. Putin disse ainda que “Não devemos nem vamos deixar-nos arrastar para uma cara corrida armamentista” [contra Washington].

Pelo seu lado, Lavrov disse que Moscovo “tentou fazer todo o possível para salvar o tratado INF [Intermediate-Range Nuclear Forces Treaty], tendo em conta a sua importância para a segurança estratégica na Europa e no mundo”. Já o chefe da Defesa acusou os EUA de andar “há anos a infringir o tratado” de desarmamento acordado na época da Guerra Fria, propondo agora que a Rússia desenvolva um míssil terrestre hipersónico de médio alcance, iniciativa esta que foi apoiada e aprovada pelo executivo.

Os EUA ameaçaram a Rússia, dizendo que tinham até hoje para cumprir o INF de maneira “verificável”, um ultimato que foi rejeitado pelas autoridades daquele país, que acusa Washington de aumentar o risco de uma guerra nuclear a nível mundial, dado que tende sempre a abandonar, a  determinado ponto, os tratados de desarmamento internacionais.

Mike Pompeo, Secretário de Estado norte-americano, confirmou na sexta-feira passada que os EUA se vão retirar do tratado de armas nucleares de médio alcance, com Donald Trump a responsabilizar a Rússia pela violação desse acordo. O Secretário de Estado indicou que a suspensão se iniciaria no Domingo imediatamente seguinte, excluindo os EUA de todas as suas obrigações com o tratado de 1987, após um comunicado do Presidente dos EUA, Donald Trump, que acusa a Rússia de ter violado o tratado “por tempo demais (…) com impunidade, desenvolvendo secretamente e colocando em campo um sistema de mísseis proibidos, que representa uma ameaça directa aos nossos aliados e aos nossos militares no estrangeiro”.

Donald Trump afirma que os EUA “aderiram totalmente” ao pacto por mais de 30 anos, mas que não podem continuar limitados aos seus termos enquanto a Rússia os deturpar. O chefe da diplomacia norte-americana assegurou, apesar de tudo, que o país estava “pronto” para tentar solucionar “o assunto do desarmamento” com a Rússia.

No início de Dezembro, com o apoio da Nato, Mike Pompeo tinha dado à Rússia 60 dias para desmantelar os seus novos mísseis de longo alcance, que violam o tratado aos olhos dos norte-americanos e da Aliança Atlântica. Caso a Rússia recusasse, Pompeo deixou o aviso de retirada dos EUA do tratado, procedimento que se estende por seis meses ou mais.


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