Os anos de governação de Jair Bolsonaro têm coincidido com diversos recordes consecutivos de destruição da floresta amazónica. Nos doze meses de 2021, desapareceram mais de 1,3 milhões de hectares de vegetação (13 mil km2). Este foi o valor mais alto desde 2007, o que levou o Governo brasileiro a declarar guerra ao desmatamento da Amazónia. 

Numa conferência de imprensa conjunta dos ministérios do Ambiente e da Justiça, realizada no final do ano transacto, o executivo anunciou que iria ser usada “força total”. O ministro do ambiente garantiu ainda que o dispositivo no terreno já estaria a contrariar a tendência dos dados oficiais divulgados, o que tornaria 2022 um ano de enorme recuo ao nível deste crime ambiental.

“São números que tiveram uma alta que não reflete exatamente a atuação dos últimos meses, em que estamos a ser mais presentes, e em que a força nacional com as autoridades locais têm atuado em 23 municípios de forma permanente. São números que são um desafio para nós e teremos de ser mais contundentes em relação a esses crimes,” afirmou, à data, Joaquim Leite, ministro brasileiro do Ambiente.

A situação já era preocupante o suficiente, mas o relatório relativo à desflorestação amazónica foi mantido em cativeiro até que a cimeira do clima, realizada em Glasgow, terminasse, o que aparentou ser uma estratégia para que o governo brasileiro não fosse interpelado e acusado de inacção pelos parceiros internacionais. Esta situação levou os ambientalistas a classificar a situação como um “duplo escândalo”.

“Há um duplo escândalo que deve ser considerado. O primeiro é o facto de que a nota divulgada pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) ser do dia 27 de outubro, ou seja, anterior à Conferência do Clima. Trata-se da primeira vez em que o relatório não foi divulgado antes ou durante a COP”, tal como esclareceu João Paulo Capobianco, membro da Coligação Brasil Clima, Florestas e Agricultura, citado pela imprensa brasileira.

“Apesar das tentativas recentes do Governo limpar a sua imagem, a realidade impõe-se mais uma vez. (…) Fica evidente que as ações necessárias por parte do Brasil para conter a desflorestação e as mudanças climáticas não virão deste Governo que está estacionado no tempo e, ainda vê a floresta e seus povos como empecilho ao desenvolvimento”, reiterou Cristiane Mazzetti, porta-voz para a campanha da Amazónia na organização Greenpeace.

As organizações ambientais esperam que 2022 possa ser um ano de viragem no que à protecção da Amazónia diz respeito, contudo, desde que tomou posse, o Governo de Jair Bolsonaro nunca foi capaz de reduzir essa enorme pegada ecológica, pelo que uma melhoria significativa ao longo deste ano seria inesperada e salutada.

 


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