Ana Calhôa, secretária-geral da ABA – Associação de Bioenergia Avançada, afirmou que os biocombustíveis são um meio essencial para a ajudar à descarbonização nos transportes, pois não só são uma solução rápida e acessível a todos, como permitem reduzir as emissões em mais de 80%.

A secretária-geral da ABA defende ainda, em entrevista à agência Lusa, que “o essencial é começarmos a reduzir o consumo que temos de combustíveis fósseis e substituí-los por outras fontes de energia e aí entra também a bioenergia avançada na incorporação dos combustíveis fósseis”.

A ABA foi fundada em 2019 com o objectivo de representar produtores de biocombustíveis, transformadores de resíduos, entre outros. A associação defende que a bioenergia avançada deve ser incluída no lote de soluções para a descarbonização no setor dos transportes.

Ana Calhôa refere ainda que “a promoção da bioenergia avançada é essencial nos biocombustíveis, para a descarbonização, sem eles acho que é impossível fazê-la, porque há várias soluções e algumas delas precisam ainda de muito tempo” e que a neutralidade carbónica, que a União Europeia estabeleceu como meta até 2050, só será obtida se forem equacionadas todas as soluções existentes, pois os biocombustíveis são uma das soluções mais rápidas, eficazes e inclusivas.

“Não necessitamos de mudar de carro, não necessitamos de novas infraestruturas e conseguimos a descarbonização nos transportes, ou seja, damos acesso a que seja possível que todos nós sejamos sustentáveis e eu acho que isso é uma vantagem enorme, enquanto esperamos por outras soluções”, acrescenta, sublinhando ainda que os biocombustíveis podem reduzir as emissões de carbono até 83%, quando comparados com os combustíveis fósseis, pelo que não os incorporar seria um erro e um entrave à obtenção de neutralidade carbónica.

Ana Calhôa considera ainda ser importante colocar em prática plena a nova Diretiva das Energias Renováveis para a legislação nacional, que já deveria ter entrado em vigor a 01 de janeiro de 2022, mas que ainda não avançou para consulta pública. “Aí, sim, vão ser definidas concretamente as metas, vão ser definidas uma série de linhas e caminhos com os quais Portugal vai fazer a sua transição energética”, rematou.

De acordo com a Zero, associação ambientalista, Portugal está seis meses atrasado na implementação das referidas directivas. Introduzido em 2010, este pacote de medidas estabelecia que cada Estado-membro deveria atingir uma meta de 10% de energias renováveis no sector dos transportes até 2020.

A diretiva foi depois alvo de revisão, em 2018, tendo o óleo de palma sido considerado como matéria-prima insustentável, obrigando ao seu abandono na produção de biocombustíveis, de forma progressiva até 2030.


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